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Pentecostalismo Reformado – Dicas de Livros

18 fev

Uma coleção de vídeos onde Pastor Josenildo Santos indica autores e livros que podem cooperar na aproximação entre cristãos da tradição Reformada e cristãos da tradição Pentecostal.

Para acessar clique no link: https://www.youtube.com/watch?v=XWnU1QqSchA&list=PLVR8B9eTqXUZEmL5mv154eJMihmhdnJDY

Pentecostalismo Reformado – Minicurso

18 fev

Uma coleção de vídeos onde Pastor Josenildo Santos comenta os aspectos históricos, teológicos e práticos do Pentecostalismo Reformado.

Clique no link para acessar o 1º vídeo da série: https://www.youtube.com/watch?v=3MLfU0YGa-s&list=PLVR8B9eTqXUbAdPjRcReGjsB3x2BYYtMh

Sola Scriptura X SolO Scriptura

30 ago

ReformadoresTimothy Ward, em seu livro “Teologia da Revelação”, faz uma exposição preciosa mostrando a diferença que há entre o Sola Scriptura e o SolO (destaque para a letra “O”) Scriptura.

O primeiro está ligado aos Reformadores e, mais especialmente, a Tradição Reformada e surgiu para combater um mal que se estabeleceu na igreja na Idade Média, que passou a considerar duas fontes de revelação divina: as Escrituras e a tradição da igreja, sendo esta última transmitida oralmente ou por meio das práticas habituais da igreja. Os reformadores afirmaram que Somente as Escrituras é a revelação de Deus ao homem, somente ela é suficiente e necessária para nossa salvação. Mas, ao afirmarem isto, os reformadores não estavam rejeitando o valor e o papel da tradição, apenas afirmavam que ela não constitua uma fonte de revelação, tal como a Bíblia. Ward descreve isto bem quando escreve: “A convicção dos reformadores em relação ao Sola Scriptura é a convicção de que as Escrituras são a única autoridade infalível, a única autoridade suprema. Todavia, não é a única autoridade, porque os credos e o magistério da igreja exercem a função de autoridades subordinadas importantes sob a autoridade das Escrituras”[1].

No entanto, outro perigo surgiu no meio da igreja que foi denominado por Keith Mathison de “SolO Scriptura”, que consiste na ideia de interpretação da Bíblia sem o auxílio da tradição e do magistério. Foi o SolO Scriptura que deu abertura para o sectarismo protestante e a multiplicação de denominações. Mas Ward faz um importante alerta quando diz: “Embora muitas vezes se diga que o principal motivo desse sectarismo é o Sola Scriptura, ele não pode ser responsabilizado, pelo menos não no sentido que os reformadores dão ao termo. Aliás, eles desejavam reformar a igreja a partir de dentro e não abandoná-la. A doutrina que deu impulso às constantes divisões de denominações e igrejas não foi a sola Scriptura, mas, sim, a solO Scriptura”[2].

Igrejas sérias defendem e praticam o Sola Scriptura, reconhecendo que somente as Escrituras são a Revelação de Deus e a autoridade suprema sobre o homem, sem abrir mão do papel e valor que as tradições, magistério, credos e confissões tem como autoridades subordinadas as Escrituras. Mais uma vez, concordamos com Ward quando diz: “O sola Scriptura garante que todas essas tradições estão a serviço das Escrituras, a autoridade suprema, e não competindo com ela”[3].

[1] WARD Timothy, Teologia da Revelação, Editora Vida Nova, pg.178.

[2] Ibidem, pg.181.

[3] Ibidem, pg.183.

AZUSA STREET: A CHAMA QUE SE ESPALHOU PELO MUNDO

2 fev

Azusa-Street-MissionINTRODUÇÃO: O Movimento Pentecostal,  originado na Azusa Street em Los Angeles, foi um dos mais importantes movimentos ocorridos no seio cristão nos séculos posteriores a Reforma.

Escrevendo sobre o Movimento Pentecostal, Richard Foster disse: “Foi uma explosão de fervor carismático e de poder do Espírito Santo, na melhor e mais poderosa forma”[1].

          Alister McGrath também falou sobre este Movimento. Ele escreveu: “No século XX, um dos acontecimentos mais importantes para o cristianismo foi o surgimento de grupos carismáticos e pentecostais, os quais afirmam que o cristianismo pode redescobrir e tomar posse do poder do Espírito Santo…”[2].

          No entanto, a importante e bonita história deste movimento tem sido negligenciada pelos seus herdeiros. Creio que se faz necessário estudarmos um pouco este movimento.

EUA DO INÍCIO DO SÉCULO XX

          Conhecendo a história do Movimento Pentecostal e conhecendo a conjuntura política e social do EUA no início do século XX, podemos afirmar que este movimento ocorreu por uma ação divina. Como em boa parte do mundo ocidental, havia uma segregação racial muito forte nos EUA. Negros eram proibidos de compartilhar o mesmo ambiente que os brancos. Lembremos que esta situação só começou a ser mudada nos EUA na década de 60 com Martin Luther King e outros líderes dos movimentos negros.

          Permitir que um negro assistisse a uma aula, assentado no corredor externo da sala, era um favor; um negro liderar um grupo onde houvesse brancos era algo quase que impossível. Pois bem, foi isto que Deus fez, chamando o reverendo William Seymour para liderar um grupo de irmãos, negros e brancos, na cidade de Los Angeles.

WILIAMM SEYMOR: UM LÍDER IMPROVÁVEL

          William Seymour nasceu em 2 de maio de 1870, na região pantanosa de Centerville na Lousiana, uma região que sofria a violência da Ku Klux Klan. Mais tarde, em busca de melhores oportunidades, se mudou para o Norte, em Indianapólis, onde conseguiu um emprego como garçom no restaurante de um hotel. Nesta época, algumas igrejas faziam trabalhos para alcançar os afroamericanos, seguindo as regras de segregação. Estes trabalhos preparavam líderes negros que iriam pastorear pequenas comunidades negras. Wiliam Seymour se destacou por sua dedicação e foi enviando para liderar um grupo em Houston, no Texas.

          Foi lá que ele conheceu Charles F. Parham, um evangelista e professor de Bíblia, que ensinava que o falar em línguas era uma evidência do batismo no Espírito Santo. Parham fundou uma Escola Bíblica em Houston e Seymour se matriculou na Escola, assistindo às aulas no corredor externo da sala.

          Neste tempo, a congregação que Seymour liderava recebeu a visita de uma irmã que morava em Los Angeles, a Sra. Neely Terry, que ficou impressionada com a piedade e fervor de Seymour. Voltando para sua cidade, ela relatou aos seus irmãos de grupo de oração a respeito de Seymour e convenceu seus irmãos a convidá-lo para ser seu líder. Seymour aceitou o convite e tão logo assumiu a responsabilidade começou a ensinar sobre santidade, o falar em línguas e batismo no Espírito Santo.

          Cada vez mais, as reuniões se enchiam de pessoas, a tal ponto que tiveram que alugar um galpão situado na Azusa Street. Rapidamente, este lugar se tornou um ponto de referência para pessoas de todas as partes do mundo, que concorriam para lá em busca de uma experiência pentecostal.

AZUSA STREET: UM LUGAR ESCOLHIDO POR DEUS

          Mais uma vez, cito Richard Foster, pois sua análise do que ocorreu em Azusa Street é comovente. Ele escreve:

 “Qual a causa do impacto incomum de Seymour e sua missão da Rua Azusa? As condições existentes eram exatamente o oposto do que se considerava essencial para qualquer influencia duradoura…Outros líderes, mais particularmente Charles Parham, haviam enfatizado a glossolalia como experiência valiosa para a igreja atual. Esses líderes tinham mais recursos e muito mais contatos que Seymour. Mas foi na Rua Azusa que o poder caiu, e foi de lá que veio a influência mais profunda e mais ampla do que de qualquer outro lugar. Por quê? A única resposta completa a essa pergunta naturalmente só pode ser encontrada na sabedoria da providência divina. A Rua Azusa foi uma obra sobrenatural, uma obra no poder do Espírito, uma obra carismática. Deus escolheu de acordo com sua vontade o insignificante, o desprezível e o tolo para demonstrar sua glória”[3].

DECLÍNIO, DIVISÕES E LEGADO

          O grande impacto do movimento começou a declinar e as divisões começaram quando Seymour, acreditando na importância do movimento para diminuir a segregação racial, convidou Parham para liderar, junto com ele, uma campanha em Los Angeles. Ao chegar lá, Parham ficou incomodado em ver os negros fora de seus lugares determinados pelas leis de segregação. Repreendeu Seymour e os irmãos de Los Angeles e decidiu realizar reuniões a parte. Alguns irmãos seguiram Parham e este fez de tudo para minar a liderança de Seymour e enfraquecer o movimento da Azusa Street.

          Mesmo em declínio, o movimento enviou muitos líderes ao redor do mundo, que espalharam o que haviam recebido em Azusa Street. Estes líderes fundaram denominações que conservam o legado, ou parte dele, até os dias de hoje.

CONCLUSÃO: Certamente que muitos podem discordar de alguns pontos do Movimento Pentecostal, especialmente quando usam os exageros de hoje para condenar todo o movimento. Mas a bonita e comovente história da origem do movimento e sua abrangência nos confirmam que Deus, mais uma vez, como fez em outros momentos, sacudiu as águas para um despertar de sua Igreja. O Movimento Pentecostal se espalhou para diversas direções e sofreu drásticas mudanças, algumas ruins e outras boas, como a sua aproximação com as doutrinas reformadas. Como afirmou recentemente o Pastor Hernandes Dias Lopes, numa entrevista: “Esta junção da Teologia Reformada com a unção, o fervor Pentecostal, isso é uma coisa fenomenal”[4]. Oremos e trabalhemos para que Deus, em sua Graça e Poder, escreva novos e maravilhosos capítulos na história de sua Igreja.

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Canal Youtube do Autor: https://www.youtube.com/channel/UC6uktE6fFEWg9l0bX-S7_LQ

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[1] FOSTER RICHARD, Rios de Água Viva. Editora Vida.

[2] McGrath ALISTER, Teologia Sistemática, Histórica e Filosófica. Shedd Publicações.

[3] FOSTER RICHARD, Rios de Água Viva. Editora Vida.

[4] Vídeo disponível no YouTube.

DESAPRISIONE O EVANGELHO

19 jul

Agnaldo3.jpgDiversas vezes na história, houve tentativas de aprisionar o Evangelho de Cristo e até mesmo matá-lo. Podemos ver isto no livro de Atos, onde os discípulos foram perseguidos, ordenados a não falar a respeito de Jesus e até mesmo mortos por sua fé. Ainda hoje, as mesmas coisas acontecem em diversos cantos do mundo.

Mas há outro perigo, que envolve a própria Igreja, quando alguns grupos, segmentos da mesma, tentam se apropriar do Evangelho dizendo: “Ele é meu e os outros estão errados”. Vivemos o tempo onde o Evangelho tem sido aprisionado, cada vez mais, aos templos, aos lugares sagrados, no entanto, vemos claramente que além destes lugares, o Evangelho gosta de visitar os hospitais, as prisões, as ruas, os lares, as estradas. Paulo aproveitou sua prisão para anunciá-lo ao carcereiro; Filipe foi anunciá-lo ao Etíope numa estrada empoeirada; Pedro foi conduzido para evangelizar Cornélio e sua família.

Creio que além do prazer de viver o Evangelho de Cristo nos templos, devemos, também, levá-lo ao cafezinho do trabalho; ao caminho dos quem vem e vão; aos leitos dos moribundos. A genuína fé em Cristo provoca transbordamento, revela-se em nossos olhos, palavras sentimentos e ações. Não podemos nos contentar com menos do que isto!

 

As Marcas do Cristão

12 jul

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As Marcas do Cristão é o título do meu novo livro. São reflexões geradas a partir da seguinte pergunta: “O que é ser um cristão?”. Certamente que o tema é amplo e minha intenção não é ser conclusivo, mas, de certa forma, despertar nos leitores ponderações sobre o que nos caracteriza como cristãos.

O livro é dividido em quatro partes. Na primeira falo das marcas devocionais do cristão; na segunda falo das marcas do seu testemunho público; a terceira é para tratar da forma que o cristão aceita o agir de Deus em sua vida; e a última parte fala daquilo que o cristão deve oferecer a Deus.

O prefácio foi feito pelo Bispo Ubirajara Fernandes, que numa parte do prefácio escreveu: “A leitura do texto foi um deleite, um refrigério para a minha alma”.

Meu desejo é que vidas sejam abençoadas e fortalecidas pela leitura desta obra.

Nos laços de Cristo,

Pr. Josenildo Santos

OBS: Se você quiser conhecer esta obra ou consignar uma parte para venda em sua igreja ou loja, fale com o autor nos seguintes canais:

WhatsApp: 21 98484-1925

Facebook: Josenildo Santos

Email: josenildosantos@hotmail.com

 

DIÁLOGO ENTRE AS TRADIÇÕES PENTECOSTAL E A REFORMADA

29 maio

santo-agostinhoIntrodução: Certa vez,  minha sobrinha, que pertence a uma igreja reformada, ao ler alguns artigos que escrevi, abordou-me: “Tio, você é pentecostal, mas cita muitos autores reformados”, então, respondi que a denominação da qual faço parte, de tradição pentecostal, estava abraçando algumas doutrinas reformadas. Sua resposta final foi: “Que lindo!”.

É cada vez mais crescente o número de pentecostais que busca entender as doutrinas reformadas. Tenho o privilégio de estar sob uma liderança que tem me instruído a buscar esta aproximação. Bispo Walter McAlister tem sido um dos instrumentos de Deus para promover esta convergência entre as tradições pentecostal e a reformada e, certamente é uma das pessoas mais qualificadas para falar sobre o assunto, tendo publicado diversos vídeos em seu canal no Youtube[1] , ministrou um excelente curso para abordar este tema (o curso pode ser encontrado no site www.annodomini.com.br com o nome de Pentecostal Reformado) que se transformou em livro (O Pentecostal Reformado) publicado pela Editora Vida Nova.

Num de seus vídeos, Bispo Walter McAlister define assim, o que é um pentecostal reformado: “é alguém que afirma as suas origens, não tem vergonha das suas origens, mas que está disposto a repensar tudo, à luz das Escrituras, está em constante avaliação de si mesmo, de suas tradições e de sua história recente, mas que abraça firmemente as Doutrinas da Graça, o fato de que Deus é Soberano e que somos salvos pela Graça de Deus somente”[2].

Confesso que meu primeiro contato com as doutrinas reformadas não foi fácil. Termos como: Depravação Total, Eleição incondicional, Expiação Limitada, Graça irresistível e Perseverança dos Santos não são fáceis de serem digeridos, especialmente para quem nasceu na tradição pentecostal. É necessário ler e reler estes conceitos para entendê-los melhor e perceber a ligação entre eles. Depois de muita leitura, hoje já posso entender a coerência e a finalidade principal da teologia reformada, que busca primordialmente a glória de Deus.

TRADUTIBILIDADE POSSÍVEL

É possível ser pentecostal e reformado? A grande maioria responde com um sonoro “Não”. Realmente, buscar a aproximação entre duas tradições é algo ingrato, é preparar-se para ouvir críticas de ambos os lados. Mas deixe-me usar um conceito do filósofo Alasdair MacIntyre que trata da possibilidade de aproximação de tradições filosóficas diferentes, ele diz:

“A compreensão de uma tradição pelos adeptos de outra pode implicar uma série de tipos diferentes de resultado: compreender pode implicar a rejeição imediata a respeito daquilo sobre o que divergiam; ou pode levar à conclusão de que as questões que separam as duas tradições não podem ser resolvidas; e, em casos raros, mais cruciais, como já observamos, compreender pode levar ao julgamento de que, pelos padrões da tradição de alguém, a posição da outra tradição oferece recursos superiores para a compreensão dos problemas e das questões que sua própria tradição enfrenta”[3].

Obviamente a preocupação do filósofo refere-se às tradições filosóficas, mas creio que podemos usar a sua ideia, especialmente na parte final da citação, para aplicarmos ao diálogo entre as tradições pentecostal e a reformada.

Em primeiro lugar, creio que a tradição pentecostal deve reconhecer que existem recursos, na tradição reformada, que são superiores e podem auxiliá-la a progredir. Alguns destes recursos são: sua organização; seu sistema teológico bem definido e conhecido; seu rigor no trato com o texto bíblico, usando o método hermenêutico histórico-gramatical; sua valorização à pregação expositiva; e, especialmente, as suas confissões de fé e seus catecismos, como o de Westminster. Certamente que a Tradição Pentecostal tem sido importante para a expansão do Evangelicalismo no Brasil (e no mundo), mas carece de uma melhor formulação teológica, pois se utiliza, de forma acentuada, do método alegórico em suas pregações.

Sem este reconhecimento, de que a Tradição Pentecostal deve buscar estes recursos, a aproximação  entre estas tradições não avançará. Mas, uma vez que isto seja feito, o próximo passo deve ser a busca de uma tradutibilidade destes recursos e doutrinas para dentro da Tradição Pentecostal. Essa tradutibilidade é algo semelhante ao que ocorre na tradução de um texto de uma língua para outra. Existem palavras que têm seus correspondentes na outra língua e casos que não terão. Há conceitos e práticas, da Tradição Reformada, que deverão ser acomodadas como são e outros que sofrerão alterações para serem inseridos na Tradição Pentecostal. Talvez isto provoque a criação de neologismos para expressar bem o que se quer dizer.

AMEAÇAS AO DIÁLOGO

Certamente que esta não é uma tarefa fácil e admiro aqueles que se propõem a assumir o  risco de buscar este entendimento, mas para que este diálogo avance é necessário destacarmos as ameaças que tentam impossibilitar o mesmo. Vejamos:

Falta de abertura para o conhecimento: Será impossível o entendimento das doutrinas da graça se não criarmos em nós uma abertura para conhecê-las, como elas se apresentam. A discordância por antipatia é um caminho mais fácil do que a discordância por conhecimento. É importante conhecer para dizer que não concorda. É importante que o pentecostal, ao decidir se aproximar da teologia reformada, faça isto com o intuito de entendê-la bem, tanto naqueles pontos mais fáceis de serem abraçados, quanto naqueles que, possivelmente, serão rejeitados. Para isto é necessário ler e ouvir bons autores, estando com coração aberto. Destaco alguns (certamente que a lista pode ser ampliada e melhorada) que apresentam bem a Tradição Reformada: João Calvino, Martinho Lutero, J.I.Packer, R.C.Sproul, John Owen, C.H.Spurgeon, Augustus Nicodemus. E, mais precisamente, a respeito do assunto pentecostal reformado sugiro o livro “O Pentecostal Reformado” do Bispo Walter McAlister.

A rabugência dos neo-reformados: É comum quando alguém começa a se identificar com as doutrinas reformadas, achar que aqueles que não concordam com a mesma se tornam um bando de ignorantes e hereges. Alto lá! O espectro teológico-cristão é amplo, compreendendo tradições que vão desde os Coptas até uma igreja que surge na atualidade. Devemos ser fraternos com todos os irmãos, mesmo com aqueles que não abraçam a mesma visão teológica nossa. As piadas nas redes sociais, as ofensas gratuitas, a critica superficial em nada contribui para esta boa convivência de tradições. Vejo com muito pesar este tipo de ações. Recentemente, um querido pastor amigo, ficou muito irritado com um site que usou colocações suas para fazer piadas com outra tradição teológica. Não existe grupo perfeito neste campo, todos devemos manter o respeito e a boa convivência com irmãos de outras tradições.

A timidez na promoção deste diálogo: É necessário que aqueles que possuem maturidade para ajudar no diálogo entre pentecostais e reformados façam isto, vencendo a timidez e/ou medo de serem criticados. Conheço irmãos piedosos e capacitados que podem publicar e disseminar esta ideia. A necessidade é grande que homens de Deus, que vivem esta realidade de serem Pentecostais e, ao mesmo tempo, se identificam com Tradição Reformada, se apresentem e falem mais sobre este diálogo. Mais uma vez, quero agradecer o esforço do Bispo Walter McAlister em iniciar este processo dentro de nossa denominação e se apresentar publicamente como um propagador deste diálogo.

CONCLUSÃO

O futuro é algo difícil de prever, mas o que se espera é que esta busca pela teologia reformada, por parte dos pentecostais, produza uma maturidade espiritual e teológica e, ao mesmo tempo, faça diminuir alguns excessos que ocorrem neste segmento da Igreja Brasileira. As primeiras sementes estão sendo plantadas, há muitos jovens pentecostais que estão com sede de uma teologia e de um conhecimento mais consistente. Reafirmamos que a Tradição Pentecostal é e continuará sendo de extrema importância para a expansão do Evangelho, mas acreditamos que este movimento de pentecostais que abraçam as doutrinas da graça continuará crescendo e por isso precisamos preparar  o caminho, criar materiais: livros, confissões de fé, catecismos que definam bem o que é ser um pentecostal reformado, para que este crescimento seja realmente saudável e produza glória e honra ao Deus Soberano, seguindo o lema dos reformadores: “Ecclesia reformata et semper reformanda est”[4]!

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Canal Youtube do Autor: https://www.youtube.com/channel/UC6uktE6fFEWg9l0bX-S7_LQ

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[1] O nome do canal é: Bispo Walter McAlister

[2] Pesquisado em https://www.youtube.com/watch?v=7bZOr5etz94 Neste link o Bispo Walter McAlister responde a pergunta “O que é um pentecostal reformado?”

[3] MACINTYRE Alasdair, Justiça de quem? Qual Racionalidade?, Edições Loyola, pg.397

[4] Igreja Reformada está sempre se reformando

POR QUEM CRISTO MORREU?

15 maio

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INTRODUÇÃO: Senti-me inspirado a escrever este artigo, ao reler o livro de John Owen: “Por quem Cristo Morreu?”. A obra é um clássico e trata de um ponto fundamental de teologia reformada: A redenção limitada. Logo no inicio do livro, Owen coloca o problema que queria tratar, dizendo:

“A bíblia diz que a morte de Jesus Cristo foi como um pagamento para libertar os homens do pecado. Até aqui, tudo bem; mas há um problema! A morte de Cristo libertou todos os homens, ou somente alguns homens, dos seus pecados?”[1].

A proposta do presente artigo não é acrescentar algo novo ao debate, mas simplesmente, expor um pouco do pensamento do teólogo inglês e apontar um caminho para aqueles que desejam, sinceramente, se aprofundar no tema.

REDENÇÃO UNIVERSAL X REDENÇÃO LIMITADA

Podemos dividir a questão proposta por Owen em duas partes. Na primeira, o destaque é para aqueles que defendem que a morte de Cristo libertou todos os homens do pecado. Esta defesa é conhecida pelo termo de Redenção Universal. É certo que este grupo pode ser subdividido em  outros grupos,tais como: aqueles que creem que Cristo morreu para salvar todos os homens e, pensam estes, que isto de fato ocorrerá; aqueles que defendem que a morte de Cristo, em sua abrangência, se estende a todos os homens, mas somente aqueles que creem serão salvos.

No entanto, Owen objeta tais posições dizendo:

“O sangue de Cristo é realmente chamado de preço, e de resgate, em alguns versículos bíblicos (veja Mt 20:28). Ora, o propósito de um resgate é obter libertação daqueles pelos quais o preço é pago. É inconcebível que um resgate seja pago e a pessoa ainda continue prisioneira. Por conseguinte, como pode ser argumentado que Cristo morreu por todos os homens, quando nem todos os homens são salvos? Somente os que estão realmente livres do pecado podem ser aqueles por quem Cristo morreu. “Redenção” não pode ser “universal”, como “romano” não pode ser “católico”! A redenção tem que ser particular, visto que somente alguns são redimidos”.

A redenção universal transmite a ideia que a morte de Cristo foi ineficaz, pois ela diz que Cristo morreu para salvar a todos, mas nem todos são de fato salvos. Owen argumenta isto quando diz: “Não seria estranha a ideia de que Cristo deveria sofrer em lugar daqueles que também irão sofrer por causa dos seus próprios pecados?”.

Na segunda parte da questão proposta por Owen, o destaque é para aqueles que defendem que a morte de Cristo se deu para libertar alguns homens dos seus pecados. Esta defesa é conhecida pelo termo de Redenção Limitada (alguns preferem chamar de Redenção Particular, Expiação Limitada ou Redenção Eficaz). Acreditam estes que a morte de Cristo ocorreu para salvar somente aqueles que Deus, o Pai, escolheu antes da fundação do mundo. Owen declara:

“Cristo morreu, não para que os homens fossem salvos se eles simplesmente cressem; mas Ele morreu por todos os eleitos de Deus, para que eles cressem. Não é mencionado, em lugar algum das Escrituras, nem pode ser racionalmente afirmado que Cristo morreu por nós se nós crêssemos. Isso tornaria a nossa crença a causa daquilo que, de outra forma, não seria verdade – isto é, nosso ato faria com que Sua morte fosse para nós! Entretanto Cristo morreu por nós a fim de que crêssemos”.

A redenção limitada transmite a ideia que a morte de Cristo foi eficaz, pois se destinou a salvar os eleitos de Deus. Nenhum daqueles por quem Cristo morreu irá perecer, pois sua morte garante a salvação dos escolhidos de Deus.

OWEN EXPLICA JOÃO 3:16

Numa parte de sua obra, Owen dedica uma explicação esclarecedora sobre o verso do evangelho de João que muitos usam para a defesa de uma Redenção Universal. Ele destaca que este verso deve ser compreendido a luz de três coisas: O amor de Deus, o objeto do amor de Deus e a intenção do amor de Deus.

Amor de Deus

Owen acredita que o amor de Deus não é uma afeição natural ou uma emoção motivada pela miséria humana, mas um ato livre de sua vontade, que faz Deus ter misericórdia de quem lhe aprouver ter misericórdia (Rm 9:14-18). Se tratando do texto de João, Owen diz: “o amor que é aqui descrito (João 3:16) é um ato supremo e especial da vontade de Deus, dirigido particularmente aos crentes. As palavras “de tal maneira” e “para que” enfatizam característica incomum desse amor e o claro propósito desse amor no sentido de salvar os crentes da perdição. Então, este amor não pode ser uma afeição comum por todos, desde que alguns realmente perecem”.

Objeto do amor de Deus (mundo)

Que mundo é este que João declara que Deus amou? Owen responde: “O “mundo”, neste versículo, tem que ser aquele mundo que realmente recebe a vida eterna. Isso é confirmado pelo versículo seguinte (João 3:17) onde, na terceira ocorrência do termo “mundo”, é afirmado que o propósito de Deus ao enviar Cristo foi “para que o mundo fosse salvo”. Se “mundo” se refere aqui a quaisquer pessoas senão os crentes eleitos, então Deus falhou no seu propósito, não ousaríamos admitir isso”.

Intenção do Amor de Deus

Se Deus teve a intenção de salvar o mundo por meio da morte de Cristo, isto não pode deixar de acontecer. Certo? Owen mostra com foi a intenção real de Deus, dizendo: “O versículo (João 3:16) declara a intenção de Deus no sentido de que os crentes serão salvos. Segue-se, então, que Deus não deu seu Filho para incrédulos. Como poderia ter dado seu Filho para aqueles a quem Ele não deu a graça de crer?”.

Com esta explicação Owen não acredita que Deus permitiria que alguém pudesse se perder, uma vez que Ele amou o mundo todo. Em contraste a este entendimento, Owen acredita que Deus amou os eleitos espalhados por todo o mundo. Ele resume João 3:16 da seguinte maneira: “Deus tem um amor tão especial, tão supremo, que Ele determinou… que todo o Seu povo, dentre todas as raças, fosse salvo…ao designar Seu Filho para ser um Salvador adequado…deixando claro que todos os crentes, e somente eles… tenham, efetivamente, todas as coisas gloriosas que Ele planejou para eles”.

CONCLUSÃO

O que Owen quer afastar com seu livro são duas ideias: A primeira delas é a ideia que Cristo tenha sofrido pelos pecados de pessoas que, ainda sim, irão sofrer a morte eterna pelos seus próprios pecados; a outra ideia é que Cristo possa ter falhado no seu intento de salvar todo o mundo, uma vez que é certo que alguns irão perecer.

Então, por quem cristo morreu? Owen acredita que a Redenção é particular para aqueles que foram eleitos por Deus. Assim como Israel foi eleito por Deus para ser o seu povo no Velho Testamento, a morte de Cristo foi destinada para os eleitos. Ele argumenta: “Se a nação dos judeus foi escolhida por Deus, entre todas as nações do mundo, para ilustrar suas relações com a Igreja, segue-se, então, que a morte de Cristo foi somente pela Igreja e não pelo mundo todo. A maneira como Deus tratou o seu povo escolhido no Velho Testamento é uma ilustração de que a salvação obtida por Cristo não é para todos os homens, mas é apenas para o seu povo escolhido”.

Espero que o artigo traga um pouco de luz para aqueles que, sinceramente, estudam este tema tão difícil da teologia reformada.

 

 

 

 

[1] Esta e todas as citações atribuídas a Owen neste artigo foram retiradas da obra: “Por quem Cristo morreu?” publicado pela editora: Publicação Evangélica Selecionadas.

As cores do céu em nossas vidas

2 jan

escociaExiste da sede da ONU um quadro, intitulado de Guerra e Paz, pintado por Cândido Portinari. É uma obra gigantesca com mais de 140m² e pesa mais de uma tonelada. Para pintá-lo, Portinari teve que dividi-lo em dois grandes painéis.

Gosto de pensar que Deus, tal como um pintor, está pintado o quadro de nossas vidas. Somos telas vivas, que devemos nos abrir para recebermos as cores de alegria, de amor e de perseverança que Deus deseja colocar em nós. Mas, como telas vivas, às vezes, rejeitamos as cores de Deus e buscamos, por conta própria, novas cores para colocar em nossas vidas. Geralmente, estas novas cores são oferecidas pelo mundo e pelo pecado, trazem certa alegria inicial, mas, com o passar do tempo, estas cores vão se desbotando e se transformando num cinza sem vida e sem brilho.

O apóstolo Paulo, escrevendo aos Filipenses, disse: “Estou convencido de que aquele que começou boa obra em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus”(Fp 1:6). Entenda, Deus é o pintor que deseja colorir nossas vidas com a alegria da salvação, com a paz que Cristo conquistou para nós e com a certeza que Ele nos sustentará em todo tempo. Ele quer completar a obra que começou em sua vida.

Voltando a pintura de Portinari, uma parte dela retrata a fome, a miséria e a morte. Talvez seus últimos dias se assemelhem mais a esta parte do quadro, mas creia, se você confiar em Deus e entregar sua vida a Ele, o quadro de sua vida voltará a ter novas cores. As cores do céu!

Livros escritos pelo Pr.Josenildo

18 nov

Livros escritos por Josenildo S. Santos, Pastor da Igreja Cristã Nova Vida em LoteXV-RJ.

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SÉRIE LAR CRISTÃO – livretos com 24pgs cada.

Mensagens tratando dos temas: casamento & família. O Volume 1 traz as mensagens: Fatores que matam o casamento & O melhor investimento para nossas famílias / O Volume 2 traz mensagens: Levando nossa família para Canaã & Divórcio: Como evitar?

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AS MARCAS DO CRISTÃO, Kyrios, 159pgs, 2017.

São reflexões geradas a partir da seguinte pergunta: “O que é ser um cristão?”. Certamente que o tema é amplo e minha intenção não é ser conclusivo, mas, de certa forma, despertar nos leitores ponderações sobre o que nos caracteriza como cristãos.

O livro é dividido em quatro partes. Na primeira falo das marcas devocionais do cristão; na segunda falo das marcas do seu testemunho público; a terceira é para tratar da forma que o cristão aceita o agir de Deus em sua vida; e a última parte fala daquilo que o cristão deve oferecer a Deus.

O EscrCapa Finalavo Judeu e a Filha do Arconte, Editora Quártica,96pgs,2015.

O livro é uma obra de ficção que conta a história de um judeu que é escravizado e levado para a Grécia do século VI a.C. e lá vive as mais diversas situações, mas não abre mão da sua fé em Deus. Além disto, o livro conta a história de amor entre o jovem judeu e Helena, filha do Arconte e, também, ressalta alguns valores éticos, tais como: perdão e liberdade.

Uma FeliciIMG_7631dade Quase Esquecida, Editora Kyrios, 128pgs,2013 (Esgotado).

O livro é uma coletânea de meditações baseadas nas Bem-Aventuranças contidas nos Salmos. O leitor encontrará conselhos seguros, baseados na Palavra, que o levará a desfrutar de uma vida de felicidade que, infelizmente, tem sido esquecida por muitos.

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Sede de Deus, Editora Anno Domini, 42pgs,2011 (Esgotado).

O livro mostra que o homem, no seu relacionamento com Deus, deve buscar saciar as sedes que Deus tem. Algumas sedes tratadas no livro são: Ser ouvido, Ser conhecido, Ser amado e outras. Você compreenderá que Deus quer se alegrar em nós.