Pentecostalismo Reformado – Dicas de Livros

18 fev

Uma coleção de vídeos onde Pastor Josenildo Santos indica autores e livros que podem cooperar na aproximação entre cristãos da tradição Reformada e cristãos da tradição Pentecostal.

Para acessar clique no link: https://www.youtube.com/watch?v=XWnU1QqSchA&list=PLVR8B9eTqXUZEmL5mv154eJMihmhdnJDY

Pentecostalismo Reformado – Minicurso

18 fev

Uma coleção de vídeos onde Pastor Josenildo Santos comenta os aspectos históricos, teológicos e práticos do Pentecostalismo Reformado.

Clique no link para acessar o 1º vídeo da série: https://www.youtube.com/watch?v=3MLfU0YGa-s&list=PLVR8B9eTqXUbAdPjRcReGjsB3x2BYYtMh

O SILÊNCIO DE DEUS (Bispo Roberto McAlister)

9 dez

Um dos momentos mais frustrantes dos nossos encontros com Deus é aquele em que, não obstante pedirmos dEle uma direção, um esclarecimento às nossas dúvidas, ou resposta a uma pergunta, Ele simplesmente não nos diz coisa alguma. É como se o céu fora feito de bronze. Nada sobe e nada desce. Que fazer então como o silêncio de Deus nesta hora?

Antes de mais nada, é sinal de respeito aceitar que Deus esteja em liberdade, ou de expressar-se, ou de ficar em silêncio. A oração não o obriga a responder ou agir – mesmo sendo feita “com muita fé e no nome de Jesus”. Deus é uma pessoa, não uma simples máquina-de-bençãos, um computador que automaticamente responde a todas as perguntas que lhe são apresentadas. Requerer que ele fale é violar nosso relacionamento com Ele. Não temos este direito.

O mais importante é ter a certeza de que, mesmo silencioso, Deus está presente no momento de nosso encontro com Ele. Assim como o sol continua lá, não obstante escuras nuvens ofuscando sua luz, Deus também – sem dizer uma palavra sequer em resposta ao nosso apelo e clamor – está ainda aqui, bem presente ao nosso lado. Desconhecer este fato é perder totalmente a dinâmica de comunhão com Ele […].

Respeite, pois, a presença de Deus em seus encontros com Ele. Deixe-o em liberdade para falar ou para ficar em silêncio. Não exija que Ele fale, nem que responda a tudo quanto você pede ou pergunta. Você estará assim em melhores condições de aceitar a sua vontade. E – o que é tão importante – Ele sem duvida alguma voltará a falar com você.

(Texto Extraído do Livro: O Encontro Real)

UM AMOR CONSTANTE (Bispo Roberto McAlister)

25 nov

Muito simples explicar o amor de Deus. Ele é como o sol, que brilha incessantemente, dispensando sua luz e seu calor sem distinção – a todos igualmente.

Dias há quando densas nuvens o encobrem; contudo ele está sempre lá, no mesmo lugar – nós é que não conseguimos vê-lo.

De igual maneira muitas pessoas, até mesmo espirituais, atravessam dias em que não alcançam sentir a presença de Deus. Circunstâncias às vezes alheias à sua vontade ofuscam a Sua presença. Elas passam a não sentir o amor de Deus, e sim os efeitos da perseguição, a tristeza e o abatimento. Será que Deus já não as ama? Terá o Senhor voltado contra elas a Sua face? Absolutamente. Deus é como sempre foi: constante, amoroso e fiel.

Pode-se também, por outro ângulo, ilustrar bem a situação em que vivem muitas pessoas que não entendem a força desse amor. Igualmente simples é a explicação. Para perdermos os benefícios da luz e do calor que o sol nos oferece, basta esconder-nos num quarto fechado, numa caverna escura ou em qualquer lugar onde seus raios não consigam entrar.

Impedirá este fato que acreditemos na existência do sol, lá fora ou lá longe oferecendo seus efeitos benéficos ao nosso planeta? De maneira nenhuma! Ele continua no céu quando o homem dele se esconde. O que determina os benefícios é a posição do homem, nunca a posição do sol. Ele continua ali brilhando, proporcionando vida, luz, calor. Pois assim é o amor de Deus: constante e fiel. (Extraído do livro: Amor Incondicional)

Perdão & Cura (Bispo Roberto McAlister)

4 nov

Há alguns anos, pelo espaço de aproximadamente um ano eu estava sofrendo penosamente de hérnia de hiato. Meus amigos devem lembrar-se desse tempo, quando um simples gole de água provocava em mim uma grande agonia. Foi nessa ocasião que preguei minha famosa mensagem sobre perdão (digo “famosa” sem qualquer convencimento, mas devido a certas implicações inerente ao tema). Quantas vezes devo perdoar ao irmão que peca contra mim? Afirmei que, por falta de perdão, somos entregues às mãos dos verdugos, dos atormentadores, e continuamos sofrendo até nos resolvermos a perdoar quem nos ofendeu. Naquela mesma tarde, depois de me alegrar com êxito de minha mensagem, o Espírito Santo me disse: “tu és o homem, Roberto!”. Eu estava sofrendo de hérnia comprovada por uma operação exploratória, que indicara estar o mal numa situação tão incomoda, que a operação – muito difícil, por sinal – fora inútil. O médico chegou assim à conclusão de que a única coisa a fazer seria eu me acostumar aos terríveis inconvenientes daquele mal que, segundo ele iria durar para o resto da minha vida.

No dia seguinte àquele inesquecível domingo, durante o culto de segunda-feira, eu me coloquei de pé e afirmei o meu perdão a três homens que vinham me atormentando, fazendo tudo por prejudicar a minha vida e a obra de Deus. Não devo, nem quero entrar em minúcias a respeito deste assunto – mas a verdade é que urgia que eu arrancasse pelas raízes o rancor que alimentava em meu espírito.

O assunto era já do conhecimento público. Sem grandes comentários, citei o nome das pessoas envolvidas no problema e declarei perante a igreja o meu perdão. Naquela mesma noite, noite para mim memorável, deixei de lado os remédios que vinha tomando. A partir daí, nunca mais senti as dores, o mal-estar e os terríveis incômodos que tanto me havia atormentado. Naquele dia fui inteiramente curado da hérnia.

(Extraído do livro: Fale ao seu monte!)

Depois da morte, o que acontece com a alma humana?

27 out

Toda morte é uma tragédia, seja quando se trata de alguém próximo ou de alguém que admiramos à distância. Em 1994, um acidente interrompia a vida e a carreira gloriosa do piloto de Fórmula 1, Ayrton Senna. O Brasil e o mundo pararam para chorar a morte daquele ilustre brasileiro. Pessoas que nunca tinham falado ou vivido com ele, choraram e sentiram aquela perda.

A morte é um grande mistério para o ser humano. Diante dela, surgem diversas perguntas, principalmente quando se trata de um ente querido ou uma pessoa famosa. Talvez uma das mais recorrentes seja a seguinte: depois da morte, o que acontece com a alma humana?

Para saber mais, adquira o livro diretamente com o autor (valor R$ 5,00):

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Telefone/Whatsapp: (21) 98484-1925

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PENTECOSTALISMO: ANO NOVO DE 1901

1 jan

[Charles Parham] Abriu a Bethel Gospel School em um prédio recém-alugado conhecido como Stone´s Folly e matriculou 34 alunos em um curso de curta duração de treinamento para a evangelização mundial, no qual o único livro didático era a Bíblia. Antes de partir em um viagem de pregação de três dias, Parham deu aos alunos a tarefa de descobrir no livro dos Atos “alguma evidência” do batismo com o Espírito. Ele já os havia convencido de que ainda  não haviam recebido o pleno derramamento de um segundo Pentecostes e os chamou a buscá-lo com jejum e oração. Eles chegaram à conclusão de que a prova bíblica do batismo no Espírito era falar em línguas, o que disseram a Parham em seu retorno. O último dia de 1900 foi reservado para orar por essa experiência. Um culto de “vigília” foi realizado com grande expectativa. Durante todo o dia de Ano Novo de 1901, eles oraram e esperaram até que, finalmente, às 23 horas, uma aluna chamada Agnes Ozman pediu a Parham que lhe impusesse as mãos para receber o dom do Espírito. Ela foi a primeira a falar em línguas, o que Parham mais tarde descreveria como “falar em chinês”, e foi seguida por outros, entre eles Parham na “língua sueca”, três dias depois.

(Fonte: Uma Introdução ao Pentecostalismo, p.47. Escrito por: Allan H. Anderson)

PENTECOSTES: RIVALIDADES DESNECESSÁRIAS

24 ago

INTRODUÇÃO: Na era cristã, o termo Pentecostes aponta para o evento relatado em Atos 2:1-12 que descreve a descida do Espírito Santo sobre um grupo de discípulos que estavam reunidos em Jerusalém. Antes disto, o termo estava ligado a uma das celebrações judaicas, conhecida como a festa das semanas ou pentecostes, e era celebrada sete semanas após a páscoa judaica. Lucas, no relato que fez do evento, no livro de Atos, descreveu que os discípulos provaram de fenômenos sobrenaturais, dados por Deus, tais como: línguas de fogo que pousaram sobre eles, capacitando-os a falar em línguas estrangeiras, que eles mesmos, os falantes, não entendiam. O apóstolo Pedro, em sua explicação do fenômeno (At.2:14-36), afirmou que o que havia acontecido era o cumprimento da profecia dada por Joel 2:28-32.

Tanto teólogos reformados como teólogos pentecostais defendem que a compreensão sobre o Pentecostes e seus desdobramentos pode ser um ponto de partida para entendermos como a doutrina do Espírito Santo é trabalhada dentro de uma tradição cristã. Gaffin escreveu que “praticamente tudo quanto o Novo Testamento ensina a respeito da obra do Espírito Santo antecipa o Pentecoste ou remonta a ele. O que realmente aconteceu naquele dia é a questão de suma importância”[1]. Este artigo mostrará, de maneira panorâmica, qual é o entendimento de reformados e pentecostais para as seguintes questões: o que foi o pentecostes? E ele, de alguma forma, ainda continua nos dias de hoje? Por fim, será mostrado que a rivalidade entre a abordagem reformada (soteriológica) e a abordagem pentecostal (carismática) sobre o pentecostes trás mais perda do que ganho para a igreja como um todo.

O que foi Pentecostes?

Na tradição reformada, o pentecostes é classificado como um fenômeno extraordinário que serviu para inaugurar ou instituir a Igreja de Deus que dali em diante teria a presença real do Espírito Santo junto com eles. Mesmo reconhecendo a atuação do Espírito Santo no Velho Testamento, Kuyper defendeu que “não se pode duvidar de que as Escrituras Sagradas tencionam nos ensinar e convencer que o derramamento do Espírito Santo no Pentecostes foi sua primeira e real vinda à Igreja”[2]. Este fenômeno extraordinário, que serviu para instituir a Igreja, aconteceu de forma separada sobre os grupos ou povos que representariam esta Igreja, mas eles devem ser entendidos numa unidade. Por isso que Kuyper também escreveu que “o derramamento do Espírito Santo não foi limitado ao Pentecostes, em Jerusalém, mas se repetiu posteriormente de forma mais limitada e menos intensa, mas, ainda assim, extraordinária, como no Pentecostes”[3] e acrescentou: “é necessário distinguir entre o derramamento comum que agora ocorre e o extraordinário, de Corinto, Cesáreia, Samaria e Jerusalém”[4].

O Pentecostes extraordinário se refere “aos quatro pentecostes” registrados em Atos e que, segundo Sproul, serviu para mostrar “que todos os crentes fazem parte integral da Igreja do Novo Testamento. Não haveria cidadãos de segunda classe no reino de Deus. Judeus, samaritanos, tementes a Deus e gentios, todos receberam o batismo no Espírito Santo”[5]. Por isso, este Pentecostes Extraordinário, na tradição reformada, é descrito como o momento em que “Cristo, como o Cabeça glorificado, tendo formado seu corpo espiritual pela união vital dos eleitos, no dia de Pentecostes, derramou seu Espírito Santo em todo o corpo, para nunca mais se separar dele”[6]. Kuyper defendeu que este Pentecostes Extraordinário “nunca se repetiu e só podia ocorrer uma vez”[7] e aconteceu de forma “definitiva e para sempre”[8].

O “Pentecostes” comum, que mais precisamente deve ser chamado na tradição reformada por “derramamento comum”, se refere ao enchimento “inconsciente” que cada pessoa recebe ao ingressar no corpo de Cristo. Uma vez que a Igreja foi constituída, unindo as partes judias e gentílicas da mesma, por meio da vinda do Espírito Santo de forma extraordinária, agora, “as pessoas recém-convertidas recebem o Espírito Santo somente da maneira comum. Aqueles que são convertidos entre nós já estão na aliança, já pertencem à semente da Igreja e ao corpo de Cristo. Assim sendo, não são formadas novas conexões, mas a obra do Espírito Santo é realizada em uma alma com a qual ele já estava relacionado por meio do corpo”[9].

A vinda do Espírito Santo sobre a Igreja é um dos marcadores da redenção de Deus sobre sua criação. Sproul resumiu a essência do Pentecostes da seguinte maneira: “todo crente, desde o Pentecostes até o presente, tanto é uma pessoa regenerada pelo Espírito Santo quanto é batizada pelo Espírito. Essa é a essência do sentido de Pentecostes. Qualquer coisa menos do que isso lança uma sombra sobre a importância sagrada do Pentecostes na história da redenção”[10] e Gaffin defendeu que “a única coisa que Pentecoste significa é que Jesus exaltado está aqui com sua Igreja para nela permanecer”[11] .

Na tradição Pentecostal, o Pentecostes também é visto como um fenômeno que marcou a vinda do Espírito Santo sobre a Igreja de forma especial. No entanto, a partir de uma hermenêutica lucana, o Pentecostes também é entendido como capacitação continua sobre a igreja para o testemunho, o serviço e missão. Um paradigma permanente, um referencial e modelo para a igreja em todos os tempos. Menzies escreveu que “nós, pentecostais, sempre lemos a narrativa de Atos e, particularmente, a narrativa do derramamento pentecostal do Espírito Santo (Atos 2), como modelo para a vida”[12]. O Pentecostes, de acordo com a promessa de Jesus aos discípulos em At.1:8, marca um derramar contínuo e permanente do poder sobrenatural do Espírito sobre a igreja para que esta testemunhe do Senhor em todo tempo. Menzies defendeu que “Lucas nos desafia a dar testemunho de Jesus com ousadia, independentemente dos obstáculos ou oposição diante de nós, para que possamos nos apoiar no poder do Espírito para nos sustentar e nos conceder força”[13].

Os pentecostais também defendem que “de acordo com Lucas, o Espírito, entendido como a fonte da atividade profética, veio sobre os discípulos no Pentecostes, a fim de prepará-los para a vocação profética”[14]. Não uma profecia com mesmo peso e valor canônico, mas de peso e valor para o testemunho e proclamação do Evangelho. Por último, Pentecostes se relaciona com a missão que é dada a igreja, de forma permanente, de levar o Evangelho a todos os povos. Keener escreveu que “o Pentecostes é para todos os povos; sua repetição entre os samaritanos (At.8:14-17) e gentios (At.10:44-48) enfatiza que cristãos que surgem de novos grupos de pessoas também recebem a capacitação para a missão e se tornam parceiros de missões dos primeiros cristãos”[15].

Pentecostes, de alguma forma, continua hoje?

Os reformados entendem ser um grave erro suplicar por um “novo” pentecostes hoje. Kuyper escreveu: “que a oração por outro derramamento ou batismo do Espírito Santo é incorreta e vazia de significado real. Tal oração, na verdade, nega o milagre do Pentecostes, pois aquele que veio e habita conosco não pode mais vir a nós”[16]. Sproul também escreveu que sua “queixa contra a teologia neopentecostal é que essa teologia tenha uma visão muito pequena do Pentecostes”.

Gaffin defendeu que na obra de salvação, o Pentecoste completou uma sequência com os eventos Ressurreição e Ascensão, sendo “o último elemento”[17] e por isso “é culminante e definitivo”[18]. Assim como a ressurreição e a ascensão não podem ser repetidas, para Gaffin, o Pentecoste foi um evento único na história da salvação e aqueles que leem Atos atrás de “paradigmas permanentes para a experiência cristã”[19] estão entendendo “erroneamente a teologia de Lucas”[20].

Já os pentecostais não veem problemas em orarem para que um “novo” pentecostes aconteça em suas vidas, pois têm em mente o aspecto carismático que enfatiza a capacitação continua do Espírito para as tarefas de testemunhar, servir e evangelizar as nações. Eles acreditam que, até a segunda vinda de Cristo, o Espírito continuará sendo derramado sobre a Igreja. O pentecostes é um evento que pode e deve ser repetido na Igreja em todos os tempos, certamente que, em seu propósito inaugural, o pentecostes foi único, mas, em seu propósito de capacitar a igreja com poder para o serviço e testemunho da fé, o pentecostes permanece como um paradigma para a igreja. Menzies escreveu que “o Espírito de Pentecostes é, na realidade, o Espírito para os outros, o Espírito que impele e capacita a igreja para levar as ‘Boas Novas’ de Jesus a um mundo perdido e agonizante”[21].

CONCLUSÃO: As abordagens que cada tradição tem dado ao fenômeno do Pentecostes, quando vistas de forma paralela, se complementam e cooperam para o fortalecimento da Igreja de Deus. No seu aspecto soteriológico, o Pentecostes foi o marco inicial da Igreja, unindo, de uma vez por todas, judeus e gentios em um só corpo; em seu aspecto carismático, ele foi e continua sendo a capacitação de poder dada a Igreja para o testemunho e serviço.

            A impressão que fica é que o entendimento reformado sobre Pentecostes tem os feito parar no aspecto soteriológico, fechando-os para o aspecto carismático. O resultado disto é que as atividades do Espírito têm sido vinculadas a era apostólica e não têm uma continuidade nos dias de hoje. Certamente, esta aparente passividade tem sido alvo de muitas críticas. Uma delas é que os reformados viveriam um tipo de “deísmo intelectualizado” e uma “hermenêutica antisobrenatural”, ou seja, o Espírito Santo completou a obra de salvação e, com o fechamento do cânon, se tornou “inativo” ou “inoperante” na vida da igreja. Gaffin, mesmo reconhecendo os perigos que envolvem os cessacionistas e a necessidade de se precaverem contra estes perigos, se defendeu dizendo que “descrever nossa posição classificando-a de quase deísmo que exclui o sobrenatural […] não nos ajudará”[22]. No entanto, dentro dos círculos reformados, podem ser encontradas algumas posições diferentes sobre este tema. Uma delas foi do renomado pastor de Westminster Chapel, Dr. Lloyd-Jones, que escreveu: “é uma obviedade dizer que todo avivamento da religião é, em certo sentido, uma repetição de Pentecostes. O Pentecostes foi o início, o primeiro, mas depois há essas repetições em Atos, na casa de Cornélio, nas pessoas em Éfeso e assim por diante”[23]. Ou seja, para Lloyd-Jones, o pentecostes segue se repetindo na história.

            O movimento pentecostal tem dado ênfase ao aspecto carismático do Espírito e acredita que a igreja de hoje é a continuidade da igreja primitiva, com as mesmas necessidades de serem revestidos de poder para o testemunho, serviço e proclamação do evangelho ao mundo. Certamente que isto tem gerado exageros e provocado muitas críticas também. Uma delas é que a busca por um “novo” pentecostes através do batismo no Espírito Santo geraria uma classe especial de crentes, um elitismo, mas Menzies se defendeu dizendo que “acredito que a acusação de elitismo só é exata quando os pentecostais traçam uma ligação necessária entre o batismo no Espírito e a maturidade cristã ou fruto do Espírito, o que em geral não fazem. Como já observamos, os pentecostais descrevem o batismo no Espírito como capacitação para a missão”[24].

            A visão que cada tradição tem sobre o Pentecostes tem criado pressupostos que moldam as compreensões sobre outros temas ligados a Obra do Espírito Santo. Mas não há necessidade de rivalizar os aspectos soteriológico e carismático, pelo contrário, a soma deles será mais proveitosa para a Igreja do que a sua rivalidade. Parece que, neste ponto, os pentecostais e, mais precisamente, os pentecostais-reformados, por abraçarem ambos os aspectos, estão mais abertos e cônscios na busca por uma posição mais conciliadora que, certamente, fará desaparecer ou diminuir muitas das controvérsias que ainda persistem na dialética pentecostal-reformada. Pode se dizer que o Pentecostes é, ao mesmo tempo, o marco inaugural da Igreja como um corpo; mas é, também, o marco da capacitação de poder do Espírito sobre este corpo. Capacitação esta que, no tempo e no espaço, precisa ser renovada.


[1] GAFFIN, R. In: GRUDEM, W. Cessaram os Dons Espirituais? Editora Vida, 2003. p.30.

[2] KUYPER, A. A Obra do Espírito Santo. Cultura Cristã, 2010. p.148

[3] Ibid., p.156.

[4] Ibid., p.156.

[5] SPROUL, R. O Mistério do Espírito Santo. Cultura Cristã, 2013. p.111,112.

[6] KUYPER, A. A Obra do Espírito Santo. Cultura Cristã, 2010. p.153.

[7] Ibid., p.153.

[8] Ibid., p.156.

[9] Ibid., p.157.

[10] SPROUL, R. O Mistério do Espírito Santo. Cultura Cristã, 2013.  p.115.

[11] GAFFIN, R. In: GRUDEM, W. Cessaram os Dons Espirituais? Editora Vida, 2003. p.33.

[12] MENZIES, R. Pentecostes: Essa História é a Nossa História. CPAD, 2020, p.21.

[13] Ibid., p.35.

[14] MENZIES, R. Pentecostes: Essa História é a Nossa História. CPAD, 2020, p.52.

[15] KEENER, C. Hermenêutica do Espírito. Vida Nova, 2018. p.117.

[16] KUYPER, A. A Obra do Espírito Santo. Cultura Cristã, 2010. p.157.

[17] GAFFIN, R. In: GRUDEM, W. Cessaram os Dons Espirituais? Editora Vida, 2003. p.33.

[18] Ibid., p.33.

[19] Ibid., p.31.

[20] Ibid., p.31.

[21] MENZIES, R. Pentecostes: Essa História é a Nossa História. CPAD, 2020. p.53.

[22] GAFFIN, R. In: GRUDEM, W. Cessaram os Dons Espirituais? Editora Vida, 2003. p.27.

[23] LLOYD-JONES, M. O Batismo e os Dons do Espírito. Carisma, 2020. p.61.

[24] MENZIES, R. Pentecostes: Essa História é a Nossa História. CPAD, 2020. p.81.

PENTECOSTAIS: Como identificá-los?

5 mar

         O primeiro grande desafio que se tem, ao estudar a tradição pentecostal, é classificar ou categorizar os grupos pentecostais existentes no mundo, ainda que seja de uma forma macro. Cada nova classificação gera críticas daqueles que não concordam com os critérios e modos que estas classificações são feitas. Anderson escreveu que “os pentecostais definiram-se por tantos paradigmas que a própria diversidade se tornou uma característica definidora de sua identidade”[1]. No entanto, algumas formas de identificação ou categorização do movimento pentecostal têm ganhado mais aceitabilidade nos centros acadêmicos. Listaremos duas delas abaixo:

Três Ondas (Tree waves)

A primeira destas formas é conhecida por três ondas e foi estabelecida por David Barrett e Todd Johnson para seus estudos estatísticos[2] sobre o pentecostalismo. As três ondas se referem ao: Pentecostalismo Clássico; Renovação Carismática; e Igrejas Independentes Pentecostais. Anderson alerta que embora “haja algum risco de reducionismo nessa classificação tripartite, ela é um ponto de partida útil”[3].

Geralmente, o Pentecostalismo Clássico (a primeira onda) é identificado com os movimentos que aconteceram no inicio do século XX, especialmente com Azusa Street e que tem em comum alguma “experiência pós-conversão”[4] do batismo no Espírito. Nalguns grupos pentecostais, o falar em línguas (glossolalia) é tido como a evidência inicial do batismo no Espírito Santo, embora muitos outros grupos que se identificam como Pentecostais Clássicos não façam tal revindicação. Menzies é um destes que revindica o falar em línguas como evidência e classifica os pentecostais com isto. Ele escreveu que Pentecostal é o:

cristão que crê que o livro de Atos fornece um modelo para a igreja contemporânea e, nesta base, incentiva todos os crentes a experimentar o batismo no Espírito (At.2;4) entendido como capacitação para missão, distinto da regeneração, que é marcado pelo falar em línguas, e afirma que ‘sinais e maravilhas’, inclusive todos os dons mencionados em 1 Co 12:8-10, devem caracterizar a vida da igreja hoje[5].

O Movimento Carismático (a segunda onda) é caracterizado pela “invasão” da experiência pentecostal ou carismática nas igrejas históricas e tradicionais. Anderson descreveu o grupo dos carismáticos “como aqueles que dentro de denominações antigas que tiveram uma experiência carismática”[6]. Geralmente, o inicio do movimento é associado ao caso padre Dennis Bennet, da Igreja Episcopal de Van Nuys, Califórnia e a repercussão que o caso teve em 1959, quando o padre anunciou que recebera o batismo no Espírito Santo e falara em línguas. Hyatt escreveu que “diferentemente dos pentecostais 60 anos atrás (se referindo ao início do século XX), os carismáticos foram aceitos em suas denominações”[7]. Sim, em grande medida, aqueles que tiveram a “experiência carismática” eram incentivados por seus líderes a permanecerem em suas igrejas que viram o movimento “como a maneira que Deus usou para renovar as denominações que existiam”[8]. Até mesmo a Igreja Católica se abriu para a realidade carismática e hoje, os católicos carismáticos representam uma grande parcela do catolicismo no mundo.

As Igrejas Independentes Pentecostais (a terceira onda) representam um conjunto de Igrejas que, mesmo distintas e separadas, estavam interligadas por suas práticas de ministério de curas e de manifestações pentecostais particulares atribuídas ao Espírito Santo, tais como: cair no poder de Deus, Dente de ouro, unção do riso, etc… Uma das igrejas que representa bem esta terceira onda foi a Associação Cristã da Vinha do Aeroporto, em Toronto, que teve um avivamento conhecido como a benção de Toronto. Hyatt escreveu que o avivamento foi “marcado por risada santa, queda no Espírito, estremecimento, curas divinas e outros fenômenos espirituais singulares”[9]. Avivamentos e fenômenos como estes se espalharam por todo o mundo nas igrejas pentecostais que não se identificavam com o pentecostalismo clássico e nem com o movimento carismático. Estas igrejas, nalguns países como o Brasil, receberam o nome de igrejas neopentecostais.

Evangelho Pleno (Quadrangular)

            Nas últimas décadas, alguns acadêmicos pentecostais têm laborado intensamente para descobrir os principais contornos da teologia pentecostal e, através dela, descobrir elementos de unificação do movimento pentecostal. Um brilhante e aclamado trabalho é o livro Raízes Teológicas do Pentecostalismo escrito pelo teólogo Donald Dayton. Nele o autor defende que, diferentemente daqueles que enfatizam a glossolalia como elemento unificador do movimento pentecostal, outros quatro elementos foram fundamentais para a formação do Ethos Pentecostal. São eles: Salvação, Batismo no Espírito, Cura e Segunda Vinda de Jesus. Ele escreveu que “o padrão de quatro-pontos oferece uma análise do Pentecostalismo que é suficientemente característica do movimento como um todo para ser empregado como base para sua análise histórica e teológica”[10]. Ele mostra que até mesmo, algumas igrejas adotaram, intencionalmente, esta moldura de quatro pontos como a base de seus trabalhos, como é o caso da Igreja do Evangelho Quadrangular.

            Salvação: a urgência na Evangelização e Salvação dos povos foi e ainda é uma marca distintiva do movimento Pentecostal como um todo. Anderson escreveu que “para os pentecostais, o evangelismo significa sair imediatamente e buscar os ‘perdidos’ para Cristo no poder do Espírito”[11]. Eles acreditavam que a segunda vinda de Cristo (outro tema do quadrante pentecostal) só aconteceria se todos os povos ouvissem a mensagem da salvação. As nações precisavam ouvir do Jesus Salvador.

            Batismo no Espírito Santo: para realizar a tarefa de Evangelizar os povos, os pentecostais clamaram por uma capacitação vinda do Espírito Santo. Eles criam que o Espírito, no seu sentido regenerador, era dado ao cristão no momento da sua conversão, mas criam que uma segunda benção era dada, ou seja, o Espírito era concedido para capacitar o cristão em sua tarefa de evangelizar. Inicialmente, o revestimento de poder ou “batismo no Espírito”, entre os metodistas, era associado a vida de santidade, mas, a medida que o movimento pentecostal tomava corpo, este revestimento ou batismo foi associado ao poder para servir, testemunhar e evangelizar.  Dayton informa que entre os primeiros pentecostais, houve “um esforço para manter-se a ideia de que o Pentecoste traria tanto ‘santidade como poder’”[12].

            Curas: consequentemente, os sinais e maravilhas acompanhariam os cristãos em sua tarefa evangelizar os povos, por meio de curas, sinais e maravilhas operadas pelo Espírito Santo. Dayton escreveu que “a celebração dos milagres de cura divina como parte inseparável da salvação que nos é dada por Deus, e que evidencia sua poderosa presença na vida da igreja, talvez seja mais característica do pentecostalismo até mesmo do que a doutrina do Espírito Santo”[13], ou seja, a crença na cura divina é um elemento que marca o pentecostalismo como um todo, independente de sua classificação tradicional, carismática ou neopentecostal. Anderson também confirma que o papel da cura divina “foi destacado na práxis e reflexão pentecostal e carismática em todo o mundo desde o início”[14].

            Segunda Vinda de Jesus: mas, o fio condutor para todas as ações (salvação, batismo e curas) era a expectativa da segunda vinda de Jesus. O tema escatológico estava fervilhando na virada do século XIX para o XX. Os cristãos se perguntavam se um milênio seria estabelecido ou não? Se este milênio traria melhorias ou não? O certo é que todos os pentecostais deveriam “abreviar” a vinda do rei Jesus evangelizando os povos. Num artigo escrito em 1890, esta verdade pode ser vista: “não se conhece uma pessoa em mil que tenha sido santificada e que não esteja procurando abreviar a volta do Senhor”[15] e o jornal Apostolic Faith de 1906 trazia as seguintes palavras: “este é um avivamento mundial, o último avivamento pentecostal para trazer nosso Jesus. A igreja está realizando sua marcha final para encontrar seu amado”[16].

            Dayton e outros autores defendem que estes elementos (salvação, batismo no Espírito, cura e segunda vinda de Jesus) foram os trilhos pelos quais o movimento pentecostal moderno se formou e, ainda hoje, se baseia como um ethos ou um imaginário pentecostal que o envolve e lhe dá o sentido unificador.


[1] ANDERSON, A. Uma Introdução ao Pentecostalismo. São Paulo: Edições Loyola, 2019. p.14.

[2] Ibid., p.15.

[3] Ibid., p.17.

[4] Ibid., p.15.

[5] MENZIES,R. Pentecostes: Essa História é a Nossa História. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2020. p.16.

[6] ANDERSON, A. Uma Introdução ao Pentecostalismo. São Paulo: Edições Loyola, 2019. p.16.

[7] HYATT, E. 2000 Anos de Cristianismo Carismático. Natal, RN: Carisma Editora, 2018. p.222.

[8] Idem.

[9] Ibid., p.233.

[10] DAYTON, D. Raízes Teológicas do Pentecostalismo. Natal, RN: Carisma Editora,2018. p.52.

[11] ANDERSON, A. Uma Introdução ao Pentecostalismo. São Paulo: Edições Loyola, 2019. p.232.

[12] DAYTON, D. Raízes Teológicas do Pentecostalismo. Natal, RN: Carisma Editora,2018. p.161.

[13] Ibid., p.191.

[14] ANDERSON, A. Uma Introdução ao Pentecostalismo. São Paulo: Edições Loyola, 2019. p.251.

[15] Cf. DAYTON, D. Raízes Teológicas do Pentecostalismo. Natal, RN: Carisma Editora,2018. p.285.

[16] Cf. ANDERSON, A. Uma Introdução ao Pentecostalismo. São Paulo: Edições Loyola, 2019. p.220.

A INEXISTÊNCIA, EM NOME DA ARTE

25 jul

desintegrarA nudez espiritual do homem se torna cada vez mais visível em nossos dias. Com a pretensa morte de Deus, anunciada por Nietzsche, o homem se viu cada vez mais livre para criar seus absolutos para governar a realidade. Um destes absolutos tem se tornado cada vez mais destacado com o passar dos anos: a arte.

Recentemente, uma exposição[1] de “arte” causou alvoroço no Brasil, pois permitia que uma criança tocasse o corpo nu de um homem deitado no chão e interagisse com ele. Pautados no absoluto da arte como algo supratemporal e divino, um grupo se levantou para dizer que ninguém poderia se opor aquilo, pois era uma expressão artística e, só poderia ser visto como algo imoral, por pessoas atrasadas e retrógadas.

Lendo o livro “O Deus que intervém” de Francis Schaeffer, encontrei ali a narração de um episódio semelhante envolvendo o artista Marcel Duchamp. Schaeffer relata: “a sua última obra, que ninguém sequer sabia existir, veio a público por ocasião de sua morte. Ela se encontra hoje na coleção Duchamp do Museu de Arte da Filadélfia. Você precisa espiar por um pequeno buraco em uma velha porta espanhola para vê-lo. E o quadro é, de fato, pornográfico e ao mesmo tempo totalmente absurdo. Por que os diretores encarregados permitiram que aquilo fosse exposto no Museu de Arte da Filadélfia? Porque se trata de ‘arte’, e esta é então a mensagem passada para a população”[2].

De fato, a absolutização da arte ou, como diria Dooyeweerd, do aspecto estético, nada mais é do que a tentativa desesperada do homem de se fazer “deus”, de se livrar da culpa de, rejeitando as Escrituras, não ter uma resposta adequada para a realidade que o cerca. O movimento que o diabo começou no Éden se encontra em sua fase mais aguda em nossos dias. Em nome da arte, a pedofilia, a pornografia e tantas outras coisas semelhantes (reflexos da inexistência e do não-ser) se apoderam da humanidade, revelando sua nudez espiritual. Isto já é uma prévia do inferno.

Somente por meio do Evangelho de Cristo, o homem pode escapar desta armadilha!

[1] Refiro-me a exposição QueerMuseu do Santander Cultural de 2017.

[2] SCHAEFFER, F. O Deus que Intervém. Cultura Cristã, p.49